União Estável: Aspectos Jurídicos e Estratégias para Advogados

A união estável é uma das formas reconhecidas de constituição de família no ordenamento jurídico brasileiro, conforme o artigo 1.723 do Código Civil. Apesar de sua natureza informal, ela gera efeitos patrimoniais e sucessórios relevantes, e o desconhecimento técnico sobre suas implicações pode resultar em prejuízos tanto para os companheiros quanto para seus herdeiros. Por isso, o domínio desse tema é fundamental na atuação do advogado que trabalha com Direito de Família, Previdenciário ou Sucessório.

O que é a União Estável na Lei?

União estável é quando duas pessoas vivem juntas, de forma pública, contínua e duradoura, com o objetivo de formar uma família. É reconhecida como uma entidade familiar legítima, com base no artigo 1.723 do Código Civil e no artigo 226, §3º da Constituição.

Não precisa ser registrada em cartório para existir, mas precisa ser comprovada caso surjam disputas — e é aí que entra nosso papel como advogados.

Quais os efeitos jurídicos?

Mesmo sem casamento no papel, a união estável gera efeitos importantes:

  • Partilha de bens, geralmente pelo regime da comunhão parcial (salvo contrato diferente)
  • Direito à herança
  • Direitos previdenciários, como pensão por morte e auxílio-reclusão
  • Inclusão como dependente em plano de saúde e IR
  • Direito à meação em caso de separação

Como comprovar a união?

Quando não há contrato formal, é essencial reunir provas da convivência. Exemplos:

  • Escritura pública de união estável
  • Contas conjuntas
  • Comprovantes de residência no mesmo endereço
  • Declaração no imposto de renda como dependente
  • Fotos, mensagens, redes sociais
  • Filhos em comum
  • Testemunhas

Dica prática: incentive seus clientes a guardarem esses registros, mesmo que informalmente, especialmente se não quiserem fazer escritura agora.

Quais ações o advogado pode atuar?

Reconhecimento e Dissolução de União Estável: muito comum quando o casal se separa e precisa resolver partilha de bens. Pode ser consensual ou litigiosa.

Ação Declaratória Pós-Morte: Usada para garantir direito à herança ou pensão por morte quando o companheiro faleceu sem formalização da união.

Inventário e arrolamento: O advogado pode pleitear o reconhecimento da união no próprio inventário, com todos os desdobramentos patrimoniais.

Produção antecipada de provas: Útil quando há risco de perda de provas da convivência (ex: casal idoso, doença grave).

Ações previdenciárias: Pensão por morte e outros benefícios que exigem prova da união estável na data do óbito/prisão.

Abaixo, preparamos uma tabela para você entender de forma clara as principais diferenças entre casamento e união estável.

Dicas para sua atuação

  • Atue de forma preventiva: oriente sobre a escritura e escolha do regime de bens.
  • Em disputas, monte um bom dossiê de provas e organize cronologicamente.
  • Nas ações pós-morte, tenha atenção redobrada às provas e ao envolvimento de herdeiros.
  • Use a produção antecipada de provas em casos delicados ou de alto risco de litígio.
  • Atualize-se com a jurisprudência sobre união estável e sucessão.

A união estável pode parecer simples, mas envolve questões complexas — principalmente quando não é formalizada. Para o advogado, entender como orientar, comprovar e defender direitos nesses casos é fundamental para uma atuação técnica e estratégica

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